Além da exigência de libertação dos líderes políticos detidos, o
Conselho de Segurança da ONU poderá propor hoje o envio de uma força
multinacional e sanções internacionais aos autores do golpe de Estado.
O Conselho de Segurança da ONU deverá tomar hoje novamente posição
sobre a crise na Guiné-Bissau, após uma reunião pedida por Portugal, em
que participam os ministros dos Negócios Estrangeiros português,
angolano, guineense e o representante da ONU em Bissau.
Segundo fonte diplomática portuguesa, o Conselho de Segurança ouvirá
um briefing pelo representante especial Joseph Mutaboba, além dos
ministros dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau e de Angola, em nome
da presidência da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Após intervenção do chefe da diplomacia portuguesa, Paulo Portas, e
em nome da comunidade regional (CEDEAO), haverá consultas, após as quais
está prevista a adoção de uma declaração presidencial, que está a
circular entre os 15 países-membros do Conselho, havendo “perspetiva de
que pode ser adotada”, disse a mesma fonte.
A mesma fonte não quis adiantar pormenores sobre o teor da declaração
até que seja oficialmente circulada, apenas referindo que irá reforçar o
apelo ao retorno da ordem constitucional ao país.
Envio de força multinacional e sanções internacionais
Segundo outra fonte diplomática na ONU, além dos elementos já
contidos na anterior declaração do Conselho de Segurança, que incluem
também a exigência de libertação dos líderes políticos detidos, deverão
ser incluídos como elementos novos o possível envio de uma força
multinacional e sanções internacionais aos autores do golpe de Estado.
A concretização destas “ameaças” teria de ter a força de uma
resolução, mas, de acordo com a mesma fonte, a necessidade desta deverá
ficar mais clara apenas durante as consultas de quinta-feira.
O pedido das autoridades guineenses para o envio da força, assinado
pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, já está com o Conselho de
Segurança e o secretário-geral da ONU, enquanto se vai somando o número
de países disponíveis para contribuir, que deverão vir sobretudo do
bloco CPLP e CEDEAO.
As últimas decisões do comando militar são vistas na ONU como uma
tentativa de “legitimar, consolidar o poder, pelo menos no curto prazo”,
enquanto se procura chegar a um Governo de transição, referiu a mesma
fonte.
Isto mesmo foi expresso na segunda-feira pelo secretário-geral da
ONU, Ban Ki-moon, que disse estar “seriamente preocupado” por os líderes
do golpe de Estado estarem a ignorar os apelos da comunidade
internacional e a “agravarem” a crise política com o anúncio de planos
para criação de um Governo de transição nacional.
(Com Expresso)
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