quinta-feira, 19 de abril de 2012

Guiné Bissau na mira da ONU

Além da exigência de libertação dos líderes políticos detidos, o Conselho de Segurança da ONU poderá propor hoje o envio de uma força multinacional e sanções internacionais aos autores do golpe de Estado.

O Conselho de Segurança da ONU deverá tomar hoje novamente posição sobre a crise na Guiné-Bissau, após uma reunião pedida por Portugal, em que participam os ministros dos Negócios Estrangeiros português, angolano, guineense e o representante da ONU em Bissau.

Segundo fonte diplomática portuguesa, o Conselho de Segurança ouvirá um briefing  pelo representante especial Joseph Mutaboba, além dos ministros dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau e de Angola, em nome da presidência da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Após intervenção do chefe da diplomacia portuguesa, Paulo Portas, e em nome da comunidade regional (CEDEAO), haverá consultas, após as quais está prevista a adoção de uma declaração presidencial, que está a circular entre os 15 países-membros do Conselho, havendo “perspetiva de que pode ser adotada”, disse a mesma fonte.

A mesma fonte não quis adiantar pormenores sobre o teor da declaração até que seja oficialmente circulada, apenas referindo que irá reforçar o apelo ao retorno da ordem constitucional ao país.
Envio de força multinacional e sanções internacionais

Segundo outra fonte diplomática na ONU, além dos elementos já contidos na anterior declaração do Conselho de Segurança, que incluem também a exigência de libertação dos líderes políticos detidos, deverão ser incluídos como elementos novos o possível envio de uma força multinacional e sanções internacionais aos autores do golpe de Estado.

A concretização destas “ameaças” teria de ter a força de uma resolução, mas, de acordo com a mesma fonte, a necessidade desta deverá ficar mais clara apenas durante as consultas de quinta-feira.

O pedido das autoridades guineenses para o envio da força, assinado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, já está com o Conselho de Segurança e o secretário-geral da ONU, enquanto se vai somando o número de países disponíveis para contribuir, que deverão vir sobretudo do bloco CPLP e CEDEAO.

As últimas decisões do comando militar são vistas na ONU como uma tentativa de “legitimar, consolidar o poder, pelo menos no curto prazo”, enquanto se procura chegar a um Governo de transição, referiu a mesma fonte.

Isto mesmo foi expresso na segunda-feira pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que disse estar “seriamente preocupado” por os líderes do golpe de Estado estarem a ignorar os apelos da comunidade internacional e a “agravarem” a crise política com o anúncio de planos para criação de um Governo de transição nacional.

(Com Expresso)

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