Ex-ministro dos Negócios Estrangeiros português, Luís Amado, admite "situações de violência descontrolada" na Guiné-Bissau se o desenvolvimento da crise não for bem controlado pela comunidade internacional
O
ex-ministro dos Negócios Estrangeiros português, Luís Amado, disse hoje
que a Guiné-Bissau se pode tornar num "Estado falhado" e admitiu
"situações de violência descontrolada" num país que conhece uma
"situação de risco".
"Se eventualmente o desenvolvimento desta crise não
for bem controlado pela comunidade internacional - em particular as
Nações Unidas mas também a União Africana (UA) e a Comunidade Económica
dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), com o apoio necessário da
CPLP, dadas as posições que alguns Estados da CPLP têm assumido
relativamente à crise na Guiné-Bissau - parece-me óbvio que a
Guiné-Bissau terá uma fase profundamente destrutiva e será seguramente
um Estado falhado", considerou Amado em declarações no programa Pares da
República da rádio "TSF", onde mantém uma colaboração regular.
Após sublinhar que não define atualmente a
Guiné-Bissau como um Estado falhado "se tivermos em consideração o
esforço muito grande que foi feito pelo anterior governo no sentido de
normalizar a vida institucional depois de uma deriva muito negativa do
processo na Guiné-Bissau nos últimos anos", o ex-ministro dos Negócios
Estrangeiros destacou o facto de o país estar a "recuperar a sua imagem
de credibilidade internacional", através de um "perdão da dívida" ou de
"avaliações muito positivas" do Banco Mundial e do FMI.
No entanto, Luís Amado não deixou de se referir ao "problema que subsiste" no país da África ocidental.
População guineense continua "refém" da estrutura militar
"É o problema de uma estrutura militar da qual a
população e a sociedade guineense continuam a ser refém, que não tem
outro objetivo que não seja continuar a exercer o poder à margem das
regras fundamentais pelas quais se rege um Estado normal na comunidade
internacional", sublinhou.
E precisou: "É essa a situação de risco que o país
hoje conhece. Admito, e quando esta estrutura militar se colocou numa
posição tão radical e tão extremista em relação ao processo político
democrático da Guiné-Bissau, que o pior possa vir a acontecer e que
possamos ter situações de violência descontrolada que afetarão
seguramente a imagem internacional da Guiné-Bissau".
As declarações de Luís Amado foram emitidas antes do
anúncio do acordo assinado hoje em Bissau entre os partidos da oposição
guineense e o Comando Militar que protagonizou o golpe de Estado, que
dissolve o parlamento e cria um Conselho de Transição para marcar
eleições num prazo de dois anos.
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